Pergunta

Há poucos dias vi na internet uma manchete no estadão dizendo que a Caravan da Chrysler podia andar com álcool; tentei entrar no site, mas não consegui, depois procurei mais informações, também sem sucesso.

Como moro em Arapongas, Paraná não tenho acesso ao Caderno Carros do Estadão.

Se voces puderem me mandar algo a respeito desta possibilidade e suas implicações, de antemão agradeço.

Pedro Elias B. Gonçalves

Resposta

Prezado Pedro,

Inicialmente gostaríamos de pedir desculpas pois em nosso primeiro email consideramos que você estava tencionando mudar as características de seu veículo, que roda atualmente com gasolina, para um novo combustível, no caso do alcool.

Buscando em nossos arquivos, achamos uma matéria publicada no Jornal da Tarde (mesmo grupo do Jornal o Estado de São Paulo) no caderno especial Jornal do Carro. Esta reportagem foi publicada em 21/nov/2001, quarta feira.

A mesma traz uma matéria apontando que o fabricante Chrysler, desenvolveu um propoulsor bicombustível, ou seja pode andar com alcool e gasolina, independente da relação da mistura. O sistema de injeção eletrônica possui um séries de sensores capazes de analisar relação da mistura de combustível e adaptar a entrada e temperatura de ar, garantindo uma queima mais eficiente.

Esta nova tecnologia foi adotada, pois as normas americanas para o controle de emissão de poluentes estão cada vez mais severas e a utilização do alcool acaba gerando um menor índice de poluição ambiental. Em Estados como o da Califórnia, onde é o grande centro automotivo americano (números de vendas e poder aquisitivo da população) e as exigências ambientes são ainda maiores, esta estratégia passa a ser, mais um argumento de vendas.

Oficialmente o carro não está sendo trazido pela marca no Brasil, mas existem situções que importadores independentes já trouxeram alguns modelos de Caravans com esta nova motorização. Neste caso cai no mesmo problema dos serviços de pós vendas. Quem dará manutenção num carro, diferente do importado oficialmente. Trazer e vender o carro é muito fácil. Mnate-lo é muito mais difícel.

Com certeza as economias de combustível, não justificam os riscos da operação. O sistema tem muito mais um apelo comercial nos EUA do que teria no Brasil. Se fizesse sentido o Importador oficial já teria pensado nesta alternativa. Ninguém quer pensar em alcool e neste caso não aumentaria as vendas do modelo no mercado local.

Prezado Pedro,

Se você quiser podemos te enviar uma cópia da reportagem publicada no jornal. Basta nos indicar um número de fax algum endereço de correspondência.

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Prezado Pedro,

Com certeza vou procurar estas informações nos jornais antigos, mas vou precisar de algum tempo (pelo menos até o final de semana) para fazer uma busca mais detalhada na documentação.

De antemão já estamos considerando o seu plano um pouco ousado e porque não falar arriscado. Você deve lembrar-se dos primeiros carros a alcool lançados no Brasil. O trabalho era realizado pelos fabricantes e mesmo assim os problemas eram enormes. Dificuldades na partida, corrosão das peças sob o contato do combustível, engasgos constantes, etc,etc. Nitidamente era um momento onde o mercado queria comprar carros a alcool, os subsídios existiam, mas as disponibilidade e opções ainda eram pequenas.

Com certeza com o passar dos tempos, a industria evoluiu, e os carros passaram por processos de manufaturas mais apropriados para o novo combustível. Com a diminuição do preço internacional do barril de petróleo, o aumento da produção local de petróleo e a dimimuição dos subsídios do governo, aos proprietários de veículos (menor taxa de IPVA) e também aos produtores (compravam as produções com elevados preços, já pré estabelecidos) o sucesso dos programa a alcool começou a diminuir.

No auge do Programa 85/86 a frota nacional chegou a ser de 98% de carros 0 km a alcool.

Um outro ponto que também contribuiu para a queda do programa foi a criação do carro popular. As montadoras nunca se interessaram em fazer motores de menor potência, a alcool. Hoje 80% de nossa frota comercializada é de carros com motorização 1.0 e neste sentido temos mais um exemplo da diminuição do programa de carros a alcool.

Vamos agora a seu caso:

Entenda que um veículo a alcool tem diversas peças adequadas para esta finalidade. Até o sistema de bateria é diferente (maior carga disponível) pois na hora do arranque do motor de partida um maior consumo é exigido.

Duvido que alguma empresa esteja fazendo esta transformação, adequando todos os componentes necessários. Com certeza o fabricante e as revendas autorizadas instaladas no Brasil, não aconselham este tipo de modificação, bem como não recomendariam qualquer mudança na originalidade do veículo.

Pense no caso da tropicalização dos veículos. Quando a importação foi liberada, os importadores e fabricantes adaptaram seus produtos as condições locais (estradas, climas, qualidade de combustível, caractrísticas dos motoristas, etc,etc). São muitos e muitos testes, longos quilometros percorridos, para assegurar que o carro terá pleno funcionamento em terras locais. Considerando uma alteração de gasolina para alcool, com certeza estes testes deveriam ser mais rigorosos ainda.

Sendo o seu carro importado, o fabricante não dispõe daquelas peças que requerem cuidados especiais (tanque, mangueiras, bicos injetores, etc,etc), pois estão em contato com um elemento mais corrosivo.

Nos dias de hoje a utilização de motores a alcool, só se justifica se o motorista rodar muito. Mesmo assim o raciocínio se aplica a um carro nacional, original a alcool de fábrica. Com a redução de diferença de preços entre os combustíveis, a retirada dos subsídios que o governo dava, ficou muito difícil justificar esta opção de combustível.

Imagine você chegando a uma revenda autorizada da marca com uma Caravan rodando com alcool. Os caras não deixam você nem passar do portão, pois com certeza não terão nenhum interesse e responsabilidade de manter um carro com este tipo de transformação.

Ainda vamos procurar a matéria nos jornais e mesmo que o periódico fale alguma vantagem, ainda assim manteremos nossa posição redigida acima.

Caro Pedro, espero que nossa mensagem não tenha sido uma ducha de água fria em seu plano. Sabemos o que representa os serviços de pós vendas associados a carros importados (elevados custos, dificuldade na obtençao de peças, garantias, etc,etc). Sendo este carro transformado de gasolina para alcool, os riscos são maiores ainda.

Pensando bem, talvez você tenha visto algo sobre transformação de gasolina para gás. Também vamos procurar algo a respeito, mas muito do que foi dito acima também refere-se a este outro plano, mas com certeza os riscos seriam um pouco menor, considerando mais os aspectos mecânicos (queima de gases).

Prezado Colega,

Esperamos ter atendido suas expectativas. Se ainda existirem dúvidas ou outras considerações, permanecemos a inteira disposição para esclarecimentos adicionais que se fizerem necessários.

Dois pontos importantes para o nosso Projeto, visto que estamos iniciando nossos trabalhos:

1) Gostaríamos de receber sua sincera opinião sobre a consultoria recebida.
2) Como tomou conhecimento de nossos serviços / Site ???

Se você gostou de nossos serviços, sua contribuição no Projeto é a divulgação do mesmo à amigos e parentes.

Permanecemos a inteira disposição,

Atenciosamente,

Nelson LRC Bastos – site www.automoveldicas.com.br

Agradecimento

Caro Nelson, confesso que estou surpreso com a qualidade do seu trabalho, não imaginei que além da matéria vc pudesse me esclarecer em tantos pontos.

Estou muito satisfeito e agradecido.

Consegui o seu site pelo cadê.

Muito obrigado,

Pedro Elias.