Veículos: concorrência com asiáticos faz com que montadoras reduzam preços
15 de maio de 2011,

Por Diego Lazzaris Borges, InfoMoney 

SÃO PAULO – A forte concorrência e a chegada dos veículos chineses no mercado nacional têm feito com que as montadoras disponibilizem carros com preços mais acessíveis e invistam em promoções para brigar com os concorrentes.

Este mês, por exemplo, a Ford lançou uma promoção do Fiesta Rocam com motor 1.6 completo, ABS e airbag, nas versões hatch e sedan, por R$ 37.900 e R$ 39.900, respectivamente.

“A promoção da Ford bate direto com a chinesa JAC Motors. A montadora pegou o Fiesta e configurou da mesma maneira que o J3, com exceção das rodas de liga leve, e colocou o mesmo preço” afirma o responsável pelo site Automoveldicas, Nelson Cunha Bastos.

De acordo com ele, a concorrência das montadoras se acentuou ainda mais com a chegada dos veículos chineses. “A gente já começa a ver os carros da JAC nas ruas. Isso é bom para o consumidor, que possui mais opções”, afirma o especialista.

Outro veículo que teve o preço reduzido foi o Renault Sandero. Com a chegada da linha 2012, a montadora aproveitou para promover algumas mudanças e reduzir o preço do veículo. “Quando a montadora sinaliza uma mudança da veículo, é normal que venha acompanhado de alguma redução de preços, para manter a competitividade”, afirma Bastos.

Na mesma linha, a Peugeot resolveu vender os modelos 207, 307 HB, Hoggar e Partner Passeio com preços de nota fiscal de fábrica. No caso do 207, o preço caiu para R$ 31.539.

De populares a luxuosos
Mas não é apenas na faixa de preços intermediária que as montadoras estão brigando pelos consumidores. Recentemente, a também chinesa Cherry anunciou o lançamento do QQ, que deve ser o carro mais barato vendido no Brasil, por R$ 22.900.

O diferencial do veículo é que, além de ser mais barato do que os concorrentes 1.0, ele vem completo de fábrica, com ar condicionado, air bag, ABS, vidros elétricos, entre outros itens. “Se as vendas do QQ tiverem um bom volume, acredito que isso deva mudar um pouco o panorama dos 1.0 brasileiros, que hoje são vendidos na faixa de R$ 23.900 sem nenhum opcional”, aponta o economista da MSantos (agência de varejo automotivo), Ayrton Fontes.

Entre os carros mais caros, a concorrência também está fazendo com que os preços diminuam. “A Audi lançou o A1 por R$ 89 mil. Para concorrer com ele, a BMW reduziu o preço do modelo 118, que custava mais de R$ 100 mil para R$ 92 mil”, ressalta Bastos.

Outro exemplo citado pelo especialista é o sport utility Captiva, da Chevrolet. “ A Captiva também já foi reposicionada, por conta do IX 35 (da Hyundai) e do Kia Sportage”, afirma Bastos.

Mercado redesenhado
Com a chegada dos veículos chineses e o aumento da venda das montadoras coreanas como a Kia e a Hyundai, o mercado de veículos brasileiro tem sido redesenhado, aponta o economista da Msantos.

“Antigamente, as vendas de veículos predominavam entre as quatro principais montadoras (Ford, Fiat, Chevrolet e Volkswagen). Depois do [mandato do ex-presidente Fernando] Collor, o mercado ficou aberto para novas empresas, e vieram os japoneses, como a Honda, Mitsubishi e Toyota. Depois veio a onda de carros coreanos e agora é a vez dos chineses”, afirma Fontes.

De acordo com o economista, existe um tempo de maturação desses veículos, até que o mercado se adapte a eles. “O tempo é de mais ou menos cinco anos, até que eles se estabeleçam”, afirma Fontes.

Para ele, quem ganha com esse aumento do número de montadoras é o próprio consumidor. “O cliente tem uma oferta infindável de produtos. Isso favorece disputa de mercados e o preço fica menor”, finaliza.