Combustíveis:
Sempre me perguntam sobre quais os tipos de combustíveis disponíveis para o mercado de automóveis, os mais apropriados, os mais vantajosos, etc, etc, e buscando uma resposta a estes questionamentos aqui vai um pequeno resumo que pode contribuir em seu maior conhecimento sobre o assunto:

Marca do produto:
Já vi diversas pessoas mencionando que só abastece em postos da marca X e outros em postos da marca Y.
Importante lembrar que os derivados de petróleo (gasolina e óleo diesel) tem como origem a Empresa Petrobras que detêm o monopólio da extração e refino destes produtos. Hoje já existem outras Empresas extraindo ou produzindo sejam em regime da parceria com a própria Petrobras ou em outros casos seus resultados (produção) são repassados a mesma.

Diante deste cenário aquela história de Posto X versus Posto Y é tudo igual, ou seja, os produtos comercializados nestes estabelecimentos tem como origem a Petrobras.

As distribuidoras (e como exemplos podemos mencionar Ipiranga, Shell, Ale, BR Distribuidora, entre outras menores) compram seus produtos da Petrobras e ofertam os mesmos ao mercado através de seus distribuidores (postos revendedores de combustíveis).

Até aqui temos o seguinte cenário:

# Petrobras, produzindo, importando quando esta produção não atende a nossa demanda interna e distribuindo a outras Empresas, pois de acordo com a legislação vigente quem produz não pode revender.

Aí surge a primeira dúvida na cabeça do consumidor. E a BR Distribuidora não é a Petrobras ??? Legalmente falando não, ela representa uma distribuidora de combustível como outra concorrente qualquer atuando no mercado de combustível com seus diferenciais, etc, etc. É evidente que esta acaba levando sempre uma vantagem quando o consumidor confunde BR Distribuidora com a Empresa Petrobras….

# Distribuidoras de combustíveis:

Ipiranga, Shell, Ale, BR, entre outras fazem a distribuição dos combustíveis através de sua rede de postos de combustíveis. Cada uma tem uma estratégia de atuação buscando sempre a fidelização do consumidor, através de programas de relacionamento, qualidade nos combustíveis, qualidade no atendimento, preços competitivos, serviços adicionais nos pontos de vendas (lojas de conveniência, padarias, mini mercados, lavagens de veículos, trocas de óleo, farmácias, caixas de auto-atendimento, casas lotéricas, outros serviços, etc, etc).

# Postos de combustíveis:

Existem dois tipos de postos no mercado:

Os chamados “postos bandeira branca” ou seja, aqueles estabelecimentos comerciais que não ostentam nenhuma marca ou bandeira destas grandes Distribuidoras. Por lei podem comprar combustíveis de qualquer fornecedor e na maioria das vezes o fazem de forma correta pois a decisão de operar desta maneira é muito mais em função da estratégia comercial do posto revendedor. No passado o assunto adulteração de combustível era muito mais presente e de certa maneira acabou prejudicando em parte este modelo de negócio.

Importante ressaltar que você pode abastecer, sem problemas, num posto bandeira branca de sua confiança, onde você tem a certeza da origem do combustível, a certeza da credibilidade e responsabilidade do operador.

Os chamados “postos bandeirados” que ostentam as marcas de distribuidoras conhecidas e neste caso são obrigados a adquirir os seus produtos destas marcas. De certa maneira o consumidor escolhe um posto bandeirado, pois tem a certeza que por trás daquela marca existe a procedência deste combustível, ou seja, se o posto exibe a marca X é esperado que seu produto tenha origem desta mesma marca X. As distribuidoras de combustíveis mantem programas de qualidade sobre seus canais de vendas (postos de combustível) realizando auditorias (testes de conformidade, rastreabilidade, procedência, entre outros) nos produtos comercializados garantindo ao consumidor, aquele mesmo padrão de qualidade quando o produto saiu de sua base de fornecimento.

Até agora foi só um cenário de como funciona o canal de distribuição e agora vejamos as alternativas de produtos:

Etanol:

Começaremos pelo etanol pois além de falar do mesmo este tem uma origem um pouco diferente dos combustíveis derivados do petróleo.

Quem produz e colhe a cana de açúcar que tem como resultado o etanol, são as usinas de cana de açúcar. Não daria para a Petrobras que mantem o monopólio nos outros produtos querer juntar toda esta produção e na sequência fazer a sua distribuição.

As distribuidoras compram o seu etanol diretamente das usinas de cana de açúcar. Evidentemente este produto tem uma especificação de mercado realizada pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), ou seja, cada usina tem que atender as regras de produção (especificações) deste produto.

Etanol na gasolina:

Outra informação importante: visando uma diminuição de nossa dependência do combustível fóssil (petróleo) decidiu-se por um adicional de etanol a nossa gasolina. Muitos países desenvolvidos já adotam este tipo de estratégia, tornando-se menos dependendo do petróleo e buscando alternativas em suas matrizes energéticas.

Atualmente a mistura de etanol junto a gasolina gira em torno de 25% e os produtores solicitam um aumento para 27%. A associação que representa os fabricantes de veículos menciona que 25% é o limite máximo permitido, pois ainda que tenhamos uma elevada frota de veículos flex (que podem ser abastecidos com qualquer tipo de mistura) aqueles veículos que só rodam a gasolina não suportariam este aumento de percentual.

O etanol que é adicionado a gasolina é chamado de anidro, ou seja, é 100% puro.
No caso do etanol vendido nas bombas de combustíveis destinados aos veículos flex é o etanol hidratado, ou seja, possui um percentual de água no seu processo de hidratação. Esta hidratação é realizada pelas distribuidoras também seguindo padrões e conformidades estabelecidos pela ANP.

Gasolinas:

Existem três tipos de gasolina no mercado:

# Gasolina comum
# Gasolina comum com aditivos (aditivada)
# Gasolina de alta octanagem

Gasolina comum: é aquela gasolina vendida em postos dos postos de combustíveis, de uma origem única (Petrobras) seguindo uma especificação da ANP.

Gasolina comum com aditivos (aditivada): esta nada mais é do que o produto acima acrescido de aditivos, dispersantes, detergentes, etc, etc. . Neste caso em específico, cada distribuidora de combustível adiciona o seu diferencial e acaba transformando isto em um diferencial de mercado.
O mesmo não tem o apelo de maior desempenho ou economia de combustível, mas sim de um combustível de melhor qualidade e a utilização em regime constante deste trará vantagens ao consumidor. Menor necessidade de manutenções preventivas, limpeza de bicos injetores, entre outros.

Aí irão me perguntar, mas se é vantajoso porque as montadoras não recomendam a sua utilização ???

Um dos argumentos comerciais no “negócio automóveis” representa o” Total Cost of Owership”, ou seja, o custo total de se manter um veículo para o proprietário. Neste quesito estão incluídos gastos com manutenções (preventivas de corretivas), taxas, seguro, consumo de combustível, desvalorização futura, preço de revenda. Como a gasolina aditivada é sempre mais cara em relação a gasolina comum, recomendar a mesma representaria aumentar este custo de propriedade do veículo e isto acaba sendo um ponto negativo na escolha de um determinado modelo de veículo. As montadoras preferem ajustar os seus motores para a utilização desta gasolina comum versus a recomendação de utilização do produto mais caro.

Ainda assim se em seu posto revendedor, a gasolina aditivada custar algo em torno de R$ 0,10 (dez centavos) de diferença, vale a pena a opção pela utilização desta. Com certeza no médio e longo prazo você irá colher os frutos desta estratégia.

Especialistas de mercado também recomendam a utilização de gasolina aditivada para aqueles usuários que só abastecem o veículo com etanol. Ainda que os veículos flex foram concebidos para a utilização do etanol em 100% de sua vida útil, é sabido que este produto sempre acaba criando resíduos, oxidações, etc, etc. Utilizar de vez em quando um tanque de gasolina aditivada só vem para contribuir nesta situação. Estes aditivos irão limpar estes supostos resíduos criados pelo uso constante do etanol. Vale a pena tentar.

Importante: quando você migrar de um combustível para outro a recomendação é que você rode alguns quilômetros com este novo produto em seu tanque. A central eletrônica de seu veículo precisa reconhecer a mudança e ajustar o mesmo, para esta nova situação de combustível utilizado.

Gasolina de alta octanagem:

É sabido que nossa gasolina não é das melhores quando comparado aos outros produtos vendidos em mercado mais desenvolvidos. Estamos evoluindo e a cada exercício estes especificações ficam mais rigorosas, não só do ponto de vista de eficiência energética como também em termos de poluição ambiental.

Ainda assim com a liberação das importações no início dos anos 90 as montadoras realizavam o chamado processo de tropicalização. O que isto representava. Adequar os seus produtos importados as condições do Brasil (climáticas, estradas, combustível, etc, etc). Para aqueles produtos vendidos em maior volume fica fácil e justificável tal tropicalização. Mas para aquele produto de nicho de baixo volume de vendas, alterar especificações mecânicas representava elevados custos.

De certa maneira observou-se a necessidade da oferta de um combustível de melhor qualidade, e passou-se a oferecer esta gasolina de alta octanagem.

Se você tem um veículo importado, grande motorização (6, 8, 10 ou 12 cilindros), motocicleta de alta cilindrada, jet ski, entre outros, com certeza é potencial cliente para este produto. O elevado investimento inicial no veículo já fora realizado e portanto, economizar na utilização do combustível representa correr riscos desnecessários. Vale a pena o investimento considerando a utilização de uma gasolina de alta octanagem.

Produtos Podium:

No passado todos os postos de combustíveis tinham a sua disposição a possibilidade de comercialização destes três tipos de combustíveis (gasolina comum, gasolina aditivada e gasolina de alta octanagem). Cada distribuidora caracteriza o seu produto com uma marca para diferenciar da concorrência bem como entre eles, ou seja, em alguns lugares você verá nomes como “premium”, “gold”, “supra”, etc, etc. Cabe a você pesquisar em seu posto revendedor qual produto e atual denominação atende a sua expectativa de utilização e gastos.

A BR Distribuidora tem em sua oferta de produtos os chamados produtos da linha Podium. Gasolina e óleo diesel são oferecidos sobre esta bandeira. A Gasolina Podium vendida nos posto BR possui uma octanagem ainda mais elevada do que a gasolina de alta octanagem oferecida nos postos da concorrência.

GNV: Gás natural veicular:

Antes do lançamento do veículo flex o GNV fazia parte de nossa matriz energética com mais de 1,2 milhões de veículos circulando com tal solução. Superamos o nosso vizinho Argentina em veículos comercializados (900 mil veículos) e parecia que este cenário não tinha retrocesso. Até algumas montadoras chegaram a produzir modelos em série com tal solução e outras homologaram parceiros técnicos para a instalação de kits de conversão sem a perda da garantia de fabrica.

Posterior a este cenário com o etanol custando menos de R$ 1,00 na bomba de combustível, problemas de abastecimento junto ao país vizinho, declarações de autoridades sinalizando que o GNV disponível seria prioritariamente destinado a indústria e não mais ao setor de distribuição de combustíveis fizeram com que os consumidores desacreditassem na solução do GNV, as conversões foram cada fez menos realizadas e os investimentos em postos de distribuição reduzidos ao máximo.

Ainda assim nos dias de hoje com a gasolina custando algo em torno de R$ 2,90 / litro e o GNV a R$ 1,70 / metro cúbico faz sentido a conversão e a utilização da solução GNV.

Se você roda bastante (ex. motoristas de taxi) e em sua localidade a atuação possui a disponibilidade do produto talvez faça sentido a conversão de seu veículo para a solução de GNV. Historicamente o mesmo apresenta uma autonomia muita próxima quando comparada a solução gasolina. Talvez você perca um pouco de potência, mas ainda assim as autonomias são bastante próximas. Considerando que um kit de conversão (quinta geração) custe em torno de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) em menos de 6 meses você já depreciaria este investimento inicial.

Resta saber se compensará abrir mão da garantia de fabrica em se tratando de veículo 0 km, e/ou perder algum espaço de seu compartimento de bagagem para a instalação dos cilindros de GNV.

Em alguns Estados da Federação existem incentivos para veículos rodando com GNV (menor custo de IPVA) e outras localidades ou empresas fornecedoras de produtos / kits de conversão oferecem volumes de combustível subsidiados para melhorar ainda (depreciar) mais os investimentos iniciais nos kits de conversão.

Com a extração do pré-sal muito gás será retirado e parte deste será destinado a usos mais nobres (não será queimado por motivos ambientais acrescido ainda de uma produção mais eficiente).

Talvez num futuro com a disponibilidade deste recurso em maior quantidade, o mesmo volte a fazer parte de nossa matriz energética e com certeza a indústria como um todo passará a considerar alternativas (oferta de veículos com a solução GNV instalada de fábrica) neste sentido.

Hoje o que está em pauta são soluções alternativas do veículo híbrido (elétrico + motor a combustão) podendo rodar com gasolina e etanol.

Nos parece ser a melhor alternativa, não só do ponto de vista de custos como também de como a indústria caminha considerando o mercado como um todo (veículos globalizados / soluções disponíveis em outros mercados).

Outra coisa importante no mercado de combustíveis: ninguém faz milagres.

Se existe um posto revendedor vendendo combustível com valores muito abaixo da média de mercado, sinal alerta ligado….Ou o produto é adulterado, ou a operação local não recolhe os tributos, ou os funcionários não são registrados, entre outras suposições.

Preços abaixo das médias você poderá encontrar naqueles estabelecimentos que comercializam grandes volumes de combustível (ex. supermercados que operam postos de combustíveis / postos de estrada com grandes volumes de vendas) e neste caso a margem é substituída pelo volume, além da chamada venda cruzada, ou seja, você vai no posto e acaba comprando algo no supermercado ou vice versa, vai no supermercado e acaba comprando também o seu combustível. Este posto de combustível é tratado como uma gondola do mesmo….. Representa muito mais uma estratégia para atrair clientes para o estabelecimento do que o negócio venda de combustíveis ainda que os grandes volumes obtidos, além da satisfação de seus Clientes, justifiquem as ações.

Futuro:

Num futuro próximo nossa gasolina será especificada pela ANP como aditivada. Toda e qualquer gasolina vendida no País será aditivada pelo produtor, ou seja, aquele diferencial das distribuidoras deixa de existir. Além disso, cada vez mais serão maiores as exigências da utilização de um combustível mais eficaz e menos poluente.

Ao inicio de 2012 a adoção do diesel S10 já representou uma etapa deste processo. Os fabricantes de veículos tiveram que adotar motores que atendessem a norma Euro 5, menos poluentes, e as oferta deste combustível (diesel S10) fez parte deste programa. A Europa já trabalha atendendo os requisitos da norma Euro 7 e caminhamos para este cenário.

Num cenário de economia globalizada e no mercado de automovel este cenário é cada vez mais aplicável, não dá para pensar em veículos subsidiados olhando somente para características locais.

Como um executivo da indústria automotiva sempre mencionou jabuticaba e veículo 1.0 só no Brasil referindo-se ao incentivo que era concedido a este segmento, inviabilizando no passado a produção de veículos globalizados e a estratégia de exportação destas montadoras.

Hoje com o conceito de “downsizing” (motores de menor cilindrada produzindo grandes potências com elevadas eficiências de consumo de combustível) introduzido junto a indústria automotiva, um motor 1.0 eficiente, faça todo o sentido e teoricamente somos especialistas na produção deste tipo de motores.

Além disso nosso potencial de crescimento, aderência e adequação as novas regras de produção local (programa Inovar Auto) justifica a introdução de novas fábricas e novos fabricantes, contribuindo ainda mais para uma indústria automobilística mais forte e expressiva.

De “produtores da carroças” como mencionou um ex-presidente da Republica passamos a fazer parte da estratégia global dos grandes fabricantes de veículos e suas respectivas Organizações.

Boa leitura e até a próxima….

Se você tem alguma dúvida relacionada ao setor automotivo é só nos escrever que teremos o maior prazer em poder contribuir com sua pessoa.

Atenciosamente,

Nelson LRC Bastos
Idealizador e responsável pelo site www.automoveldicas.com.br

Como o referido artigo foi redigido em 07/julho/ 2014 e posterior a esta data tivemos novos lançamentos de produtos por parte de algumas distribuidoras vale a pena uma atualização do assunto colocando nosso amigo internauta sempre alinhado com as novidades do setor.

# Obrigatoriedade da gasolina aditivada:

A medida foi adiada para julho de 2015 quando todos os fornecedores, importadores e produtores de aditivos se adequem aos padrões estabelecidos pela ANP.

Em janeiro de 2014 a redução de teor de enxofre que passou de 800 ppm (partes por milhão) para 50 ppm já representeou uma melhoria nos produtos oferecidos aos consumidores, proprietários de veículos.

A necessidade de mais aditivação é decorrente da própria redução do teor de enxofre que quanto menor apresenta características detergentes, aumentando o risco de que sólidos fiquem no tanque, nas bombas, nas válvulas e bicos injetores. Desta maneira a aditivação será necessária a fim de evitar problemas nos tanques e nos veículos.

Mesmo sem aditivação obrigatória algumas Distribuidoras estão investindo em novos produtos, de novas gasolinas (todas aditivadas) e com maior margem de contribuição ao seu negócio, visto que um produto aditivada sempre terá um valor superior quando considerado ao produto comum (gasolina sem aditivo), considerando ainda uma fidelização de seus Clientes junto a sua rede de distribuição.

BR Distribuidora:

Em julho de 2014, a BR Distribuidora apresentou o seu novo produto denominado GRID. Esta substitui a antiga gasolina aditivada Supra e os postos destas marca passam a oferecer três alternativas de produtos:

# Gasolina comum

# Grid Aditivada

De coloração esverdeada incorpora um pacote de detergentes, dispersantes e um aditivo modificador de atrito, especialmente desenvolvidos para o mercado brasileiro, que de acordo com a Distribuidora proporcionam maior desempenho e proteção ao motor de seu veículo.

# Podium (alta octanagem)

Distribuidora Raizen (joint venture entre Cosan – Shell):

Em agosto de 2014 os postos de bandeira Shell passam a oferecer aos seus Clientes uma nova versão da gasolina V Power:

# V Power Nitro +:

De acordo com a Empresa este novo combustível contem 70% a mais de tecnologia FMT (Friction Modification Technology) do que a versão anterior. A tecnologia FMT foi desenvolvida para agir imediatamente na redução de atritos nas áreas críticas do motor, ajudando a desempenhar melhor a sua potência. Este novo produto também trabalha limpando os depósitos que podem reduzir a “performance” de seu veículo.

Fonte: Revista RECAP – Edição número 93 / 2014…..