Honda Accord

Prezado Senhor,

Gostaria que fizesse um comparativo entre as marcas HONDA ACCORD e TOYOTA COROLLA.

Sei que não são concorrentes diretos em nosso mercado, porém ficar-lhe-ia grato se pudesse oferecer-me maiores detalhes sobre determinados aspectos do carro como durabilidade, gastos de manutenção, consumo e comercialização.

Fico-lhe antecipadamente grato pelas informações.

Celso Mendes Alves

Prezado Sr. Celso,

Realmente os carros pertencem a categorias distintas e o modelo Toyota que compete diretamente com o seu modelo Honda Accord seria o Toyota Carmy.

A principio iríamos fazer uma avaliação dos dois veículos considerando uma nova compra, mas agora percebemos que você está preocupado em uma futura troca de veículo e nitidamente perceber possíveis perdas em relação a esta.

Alguma coisa não dá para não deixar para trás, até porque o top de linha da família Corolla é oferecido na faixa dos R$ 60 mil reais (versão SE-G) enquanto o Honda Accord (novo modelo – ano 2003) tem preço sugerido na casa dos R$ 116 mil reais.

Se observarmos o custo / benefício das propostas, não há como negar que o Honda Accord não pode custar duas vezes o modelo Corolla. Nitidamente o que justifica em parte este cenário é o fato do modelo Honda ser importado, enquanto o modelo Corolla é fabricado localmente.

Recentemente estive num seminário sobre a industria automotiva e discutiu-se muito que as alíquotas de importação atualmente vigentes para o setor automotivo, mostram uma realidade de uma taxa de câmbio de 1 para 1. Como um dólar americano vale hoje próximo de três reais o mercado de importado ficou bastante “espremido” apresentando certas distorções quase que inadmissíveis. Este exemplo mostra bem o que acontece nos dias de hoje.

A Toyota traz o seu Jeep RAV4 do Japão por 101 mil reais. A Mitsubishi fabrica o seu modelo concorrente em terras locais e (Pajero TR4) oferece o mesmo por algo próximo dos 64 mil reais. Não dá para competir com a fabricação local e o dólar na casa dos 3 reais. Quando pensamos naqueles modelos que são importados da Europa e pagos na cotação do Euro o cenário piora ainda mais. Conclusão: o mercado dos impostado só está viável para aqueles carros considerados top de linha (Ferraris, Porsches, Jaguar, etc, etc) ou aqueles importados que não possuem concorrentes no mercado local. Ainda que a Honda posicione o seu veículo para brigar com outros modelos também importados (Mitsubishi Galant, VW Passat, Peugeot 607, Ford Mondeo, GM Omega) o segmento é muito pequeno em termos de volumes de vendas.

O que dizer do modelo Accord:

Por anos a Honda consegue o feito inédito do posicionar o seu modelo como o número um no segmento dos Sedans Médios no mercado americano. A disputa é boa e para bater o Ford Taurus neste o veículo precisa ser muito bom. Parte deste sucesso de vendas diz respeito à credibilidade do veículo, ou seja, durabilidade e baixo custo de manutenção. Parte do sucesso dos carros japoneses no mercado americano é apoiado nesta credibilidade e neste caso as três grandes montadoras japonesas gozam deste prestígio (Honda, Nissan e Toyota). O sucesso Honda é tão grande que em 2001 na lista dos top sedans médios a mesma colocava dois de seus modelos nas três primeiras posições (Honda Accord, Ford Taurus e Honda Civic).

Foi o sucesso do modelo Civic no mercado americano que fez com que a Toyota pensasse em algo diferente para o seu produto Corolla. Se pensarmos que até 1997, Honda Civic e Toyota Corolla eram produtos muitos parecidos. A Honda fez algumas alterações em seu modelo, posicionando o mesmo até num segmento superior.

O mercado americano é sempre uma boa referência, pois muitas das estratégias dos fabricantes são realizadas pensando neste. São 17 milhões de unidades por ano. No Brasil temos alo próximo de 1,4 milhões de unidades e 65% disto possui motorização 1.0. Ainda assim os japoneses (todos) chegaram oferecendo veículos do segmento dos médios e possuem a partir de agora de uma estratégia futura de fabricar veículos pequenos, alcançando os volumes maiores de produção.

No Brasil não foi muito diferente. No início das importações os modelos eram muito parecidos, mas a partir da produção local do modelo Civic (1998) a Honda ganhou espaço de mercado.

Nos EUA quando o nosso novo Corolla foi lançado o mesmo passou inclusive a oferecer itens de conforto somente disponíveis em veículos de outras categorias. A linha Lexus (marca de luxo da Toyota) passou a emprestar algumas de suas soluções a linha Corolla americana, tais como air bags laterais, acabamento premium, etc, etc.

Tradicionalmente estes diferenciais não seriam oferecidos nos veículos desta categoria no mercado americano. Resultado: O Corolla também já faz um sucesso nos EUA e já ameaça o sucesso do Honda Civic.

Situação Brasil:

No Brasil esta retomada de mercado superou todas as expectativas ainda que a montadora não tivesse utilizado nenhuma estratégia Lexus em seu lançamento:

Vejamos os números de vendas dos últimos exercícios, considerando as opções deste segmento:

Ano 2000:

GM Vectra: 30.503 unidades vendidas
Honda Civic: 18.297 unidades vendidas
Toyota Corolla: 12.739 unidades vendidas
VW Santana: 22.323 unidades vendidas

Ano 2001:

GM Vectra: 17.003 unidades vendidas
Honda Civic: 21.402 unidades vendidas
Toyota Corolla: 13.521 unidades vendidas
VW Santana: 18.103 unidades vendidas

Ano 2002:

GM Vectra: 7.000 unidades vendidas
Honda Civic: 20.712 unidades vendidas
Toyota Corolla: 18.106 unidades vendidas
VW Santana: 20.190 unidades vendidas

Ano 2003 (até agosto):

GM Vectra: não aparece na lista dos top 30
Honda Civic: 10.909 unidades vendidas
Toyota Corolla: 21.776 unidades vendidas
VW Santana: 8.578 unidades vendidas

O que estes números nos mostram:

Nitidamente o grande “player” atual do segmento dos sedans médios é o Toyota Corolla. O mesmo foi lançado em junho de 2002 e só não venceu no ano anterior, pois foram apenas seis meses de oferta e o fabricante teve alguns problemas de entrega no início das vendas. Superada esta fase, os volumes de vendas comprovam o sucesso do modelo.

O Santana aparece na lista apenas para provar que um carro desatualizado, continua vendendo bem quando a relação custo / benefício é excelente. Trinta mil reais num Santana 0 km, nos parece um bom negócio. Talvez o mesmo não apresente o Status de um veículo novo, mas ainda assim existem potencias compradores.

O Vectra GM perdeu a posição de numero um do segmento e também foi prejudicado quando o governo alterou as formas de cobrança do IPI. Carros com motores até 2.000 cilindradas tiveram vantagens frente a motores maiores. Como o Vectra era oferecido com motor 2.2 o mesmo era mais caro ainda em relação aos seus concorrentes. Honda Civic e Toyota Corolla acabaram se beneficiando deste novo cenário.

Em parte este sucesso de vendas responde um pouco os seus questionamentos. Um veículo que não atende bem estas premissas (durabilidade, gastos com manutenção, consumo e comercialização) não alcança estes resultados. Vale lembrar também que estamos falando de um veículo com mais de 25 anos de janela, ou seja, a linha Corolla não é um veículo novo e sim uma evolução de outras famílias do modelo. Realmente os japoneses sabem fazer veículos e mais do que isto, representam poucas Organizações que estão ganhando dinheiro no negócio de automóveis, produzindo em largas escalas.

Infelizmente não temos os números de vendas do seu veículo atual, pois utilizamos publicações que mostram apenas os 30 maiores volumes do mercado e no caso do Honda Accord este aparece totalizado, dentro dos números dos importados pela Honda. Vejamos agora algumas especificações dos modelos questionados:

Honda Accord EX (2003):

Motor: dianteiro, quatro cilindros em linha, 16V, 2.354 cm3
Potência: 158 CV a 5.500 rpm
Torque: 22 kgfm a 4.500 rpm
Câmbio: automático de 5 velocidades
Suspensão: independente nas quatro rodas, do tipo Double Wisbone
Freios: discos nas 4 rodas com ABS e distribuição eletrônica
Comprimento: 4,81 m
Largura: 1,82 m
Altura: 1,47 m, etc, etc, etc….

Atenciosamente,

Nelson Luis Rodrigues da Cunha Bastos – site www.automoveldicas.com.br

Prezado Nelson,

Gostaria sinceramente de parabenizá-lo pelo excelente trabalho de geração de informações em um segmento que esta se tornando cada vez competitivo, com opções cada vez mais abrangentes e semelhantes.

Em meu caso específico foi de extrema importância já que encontrava-me com algumas dúvidas as quais após os seus esclarecimentos foram totalmente dirimidas.

Esteja certo de que estarei indicando este site para as pessoas com as quais tenho contato em função do benefício prestado.

Mais uma vez agradeço-lhe as informações enviadas.

Atenciosamente,
Celso Mendes Alves