Aumento no taxímetro: compensa mais comprar o próprio carro?
11/01/2011

SÃO PAULO – No próximo sábado (15), as tarifas de táxi vão sofrer reajuste médio de 18%, na cidade de São Paulo. Nos valores cobrados pela corrida noturna – entre 20h e 6h – e feita aos domingo e feriados, por exemplo, o aumento será de 30%.

“As tarifas de táxi e de ônibus aumentam por conta dos gastos que estão maiores, e isso interfere também nos valores gastos com automóveis”, explica o proprietário do site Automoveldicas, Nelson Cunha Bastos. “Então, as pessoas não vão comprar mais carro por conta dessa mudança”.

O diretor da Agência AutoInforme, Joel Leite, concorda que não há percepção no mercado de carros, mas a mudança inicial está no comportamento dos usuários. “Eles se revoltam com o aumento e passam a buscar alternativas, como usar o próprio carro, pegar carona ou usar o transporte público”, analisa.

De qualquer forma, ele acredita que essa queda no número de usuários acontece nos primeiros dias, mas, depois, as pessoas voltam a utilizar os serviços dos táxis.

Carro na garagem custa muito

Além disso, Nelson ainda avalia que, embora o preço que uma pessoa gasta mensalmente com o transporte público até chegue a equivaler ao valor da prestação de um carro, essa comparação não leva em conta os outros gastos com automóveis, como combustível, seguro, licenciamento, IPVA, estacionamento, etc.

Ou seja, a passagem de ônibus, trem e metrô até pode pagar a prestação do automóvel, mas o usuário ainda terá mais gastos que precisam ser levados em conta.

Para se ter uma ideia, Nelson calcula que o gasto para deixar um veículo na garagem é de R$ 1 mil, em média, considerando o valor do financiamento, seguro e licenciamento. “Isso só para olhar para o carro”, afirma.

Sonho do carro próprio

Por isso, Nelson acredita que os fatores que realmente interferem no aumento da compra de automóveis são o maior acesso a financiamentos e as taxas de juros mais baixas.

Além disso, é necessário levar em conta que, assim como existe o sonho da casa própria, as pessoas também sonham em ter um carro na garagem. “As pessoas têm razão e emoção”, avalia o proprietário do site Automoveldicas.

O carro é visto como um status e sinônimo de poder. A pessoa deseja ter a comodidade de ir a um supermercado e também de poder passear com a família durante os finais de semana.

Carro parado

Porém, ele reconhece que algumas pessoas têm um veículo que só fica parado. “Eu tenho parentes que têm carro na garagem por 30 dias no mês”, conta.

Então, para os casos em que o veículo é pouco utilizado, uma solução para substitui-lo é o uso do táxi ou até o aluguel de um carro para situações específicas, como uma viagem.

É o caso de Mário Leite, 92, que mora na cidade de Salto, no interior de São Paulo. Ele vendeu seu carro que custava cerca de R$ 30 mil e passou a usar táxi. Além de fazer o dinheiro render com um investimento, ele passou a gastar menos, utilizando os serviços de dois motoristas para quem o senhor Mário sempre liga.

“Ele se livrou da manutenção e do custo do seguro”, destaca Joel. “É uma alternativa para quem usa pouco o carro”.

Em uma cidade como São Paulo, a troca pode ser vantajosa, como o motorista poder se livrar do peso do estacionamento, por exemplo. Mas há a controvérsia de, quando pega muito trânsito, o usuário gasta o dobro ou o triplo do valor com o táxi.

Driblando o trânsito Joel acredita que o número de táxis poderia triplicar e a tarifa reduzir para um terço do valor. Com essas atitudes, seria possível driblar diversos fatores, como os congestionamentos.

“Não dá para pagar R$ 80 para ir trabalhar. Mas eu deixaria o carro em casa, se fosse para gastar R$ 15 ou R$ 20 com o táxi”, declara.

Ele lembra que, em Nova York, por exemplo, as pessoas andam dois quarteirões de táxi e gastam cerca de US$ 2. “É muito barato”, afirma.

Conheça as novas tarifas do taxímetro em SP

Categoria comum: a bandeirada aumentará de R$ 3,50 para R$ 4,10, a tarifa quilométrica, de R$ 2,10 para R$ 2,50, e a tarifa horária, de R$ 28 para R$ 33.

Categoria especial: a corrida passará de R$ 4,40 para R$ 5,13, a tarifa quilométrica, de R$ 2,63 para R$ 3,13, e a tarifa horária, de R$ 35 para R$ 41,25.

Categoria luxo: a bandeirada será reajustada de R$ 5,25 para R$ 6,15, a tarifa quilométrica, de R$ 3,15 para R$ 3,75, e a tarifa horária, de R$ 42 para R$ 49,50.

Já quando o serviço for prestado entre 20h e 6h dos dias úteis ou aos domingos e feriados, haverá acréscimo de 30% na tarifa quilométrica – bandeira 2.

 

Fonte: InfoMoney – Fernanda de Moraes Bonadia