Pergunta

Parabenizo pela iniciativa.

Tenho algumas dúvidas :

1 ) qual a vantagem de comprar um veículo a álcool neste momento ?
2 ) O que vc acha do Ford Focus comparado ao Honda Civic ?
3 ) E se compararmos ao Peugeot 307 ?

Agradeço a atenção.

Julio Alberto

Resposta

Prezado Júlio,

Temos respondido muitas consultorias em relação à compra de veículos a álcool e nossa resposta sempre foi que se o governo não sinalizar com uma retomada do programa, garantindo benefícios aos proprietários de veículos (como houve no passado) tais como redução do ICMS (menor valor do bem), redução das taxas de IPVA, etc,etc, o risco é muito grande. Se você observar o último aumento de combustível ocorrido, irá perceber que as vantagens de um veículo a álcool frente ao modelo à gasolina diminuíram ainda mais.

As revistas e publicações especializadas, fazem referência que no cenário atual só existe a vantagem do álcool frente à gasolina se o proprietário rodar muitos km em um mesmo mês (ex. motoristas de táxis). Fora isto os riscos e desvantagens do veículo a álcool não justificam a aquisição.

Acredito que o Brasil tenha em mãos uma grande oportunidade de ganhar dinheiro exportando tecnologia e competência de nosso antigo projeto do pró-alcool. Nos países mais desenvolvidos a questão de poluição ambiental é muito séria e existem compromissos assumidos junto aos Governos. Combustíveis alternativos têm sido testados, mas em termos de viabilidade comercial a solução do álcool já é possível e contribui bastante para uma diminuição na emissão dos gases.

Alguns Países mais desenvolvidos e alguns estados americanos já possuem a chamada solução Flex-Fuel, ou seja, um veículo capaz de rodar com uma mistura de gasolina e álcool, independente da quantidade de cada um.

No Brasil as grandes montadoras já possuem seus projetos bastantes avançados e recentemente anunciaram a posição que esta solução já estaria disponível (comercialmente falando) ao final de 2003.

Ou seja, o futuro de nossa industria automotiva será uma solução híbrida, ou seja, você poderá optar pela economia, colocando mais gasolina em vosso veículo, ou desempenho, colocando mais álcool no mesmo.

Se puder esperar mais um pouco, não compre o veículo a álcool.

Quando você comprara o Focus com o Honda Civic, nos estranha um pouco o fato de não mencionar o grande campeão de vendas no momento que é o Toyota Corolla.

Vejamos inicialmente as opções apresentadas:

Ford Focus:

Com certeza representa um dos grandes trunfos da Ford para uma retomada de mercado. Nos Estados Unidos o Focus vende muito, recentemente foi lançado a versão Hatch de cinco portas (só existia a versão de 3 portas) e só isto já seria uma passaporte para atestar a qualidade do veículo.

No Brasil quando foi lançado, o modelo Hatch não agradou muito. Agora com a febre das Monovolumes, percebeu-se que a Ford de uma maneira foi pioneira neste segmento. O modelo Sedan já é mais comportado, mas se compararmos com a concorrência, chegamos a conclusão que estamos falando de um excelente produto.

A família Focus é importada da Argentina, mas na verdade não representa um veículo importado, com problemas relacionados de pós-venda e sim uma estratégia do fabricante de produzir determinados veículos em determinados mercados (produção globalizada). Aqui no Brasil fazemos o Ka para o mundo. A Bélgica produz o Mondeo para o mundo e assim por diante. Ainda que represente um custo maior de frete, os volumes maiores de produção depreciam estes custos adicionais.

O comércio Brasil x Argentina era operacionalizado na razão de 1 para 1, ou seja, para cada dólar importado, precisávamos exportar o mesmo valor. Nesta proporção às taxações correspondiam as melhores entre os dois Países. Como o País vizinho está em crise, estamos comprando mais do que vendendo e supostamente esta diferença da balança representaria uma maior taxação ao veículo importado. Acordos recentes consideram maior flexibilização nesta operação, ou seja, podemos comprar mais sem a necessidade do mesmo volume de exportação. Desta maneira a Ford pode até aumentar a oferta de sua família Focus ao mercado brasileiro.

Irá ainda dar muito trabalho à concorrência.

Honda Civic:

Como referenciamos o mercado americano ao veículo Ford, não poderíamos deixar de dizer que na América do Norte a Honda consegue quase o impossível. Na lista dos Sedans mais vendidos a Honda coloca dois veículos nas três primeiras posições (Honda Accord, Ford Taurus e Honda Civic). Como aconteceu aqui o novo Toyota Corolla também começa a ameaçar a posição do Civic no mercado americano.

Devido a maior competitividade, naquele mercado a Toyota ainda acrescentou alguns itens em seu modelo disponível somente na linha Lexus (Toyota de Luxo), representando uma estratégia para contabilizar mais Clientes.

Em 2000 o Vectra era o campeão do mercado nacional dos Sedans. Em 2001 o modelo da GM foi para a terceira posição, perdendo inclusive para o velho e conhecido VW Santana. A partir deste momento o Honda Civic passou a ser a preferência nacional, pela tradição do veículo japonês, confiabilidade, durabilidade, etc,etc.

O Santana ocupa tal posição devido a excelente relação de custo / benefício que o mesmo é ofertado ao mercado.

Com a chegada do novo Toyota Corolla parece que as coisas começam a mudar no segmento dos Sedans médios. Nos últimos dois meses o Toyota foi o campeão de vendas e a espera atual para o modelo pode chegar a 45 dias.

A Honda tratou de mudar as lanternas traseiras de seu modelo, mas algumas maquiagens internas (linha 2003), mas com certeza é pouco para combater o novo Toyota Corolla.

Ainda assim não dá para dizer nada contrário ao veículo. Ainda representa um dos grandes produtos de nossa industria automotiva nacional.

Peugeot 307:

Recentemente estive observando o modelo com mais critério e me chama a atenção porque o mesmo ainda não decolou. Em 2001 foi eleito o carro do ano na Europa. Só isto representaria um passaporte para o histórico do veículo. A VW já sinaliza para a geração V da família Golf, pois o mesmo sofre a concorrência dos novos lançamentos da industria mundial (Fiat Stillo e Peugeot 307).

Por decisão corporativa Peugeot a família 307 deveria ser produzida na Argentina e chegaria ao nosso ao Brasil com preços mais competitivos. Ao Brasil coube a produção do modelo menor (Peugeot 206). Devido a problemas no País vizinho esta produção ainda não começou, e o Peugeot 307 tem sido impostado da França. Resultado: o modelo passa a ser ofertado numa maior faixa de preços e conseqüentemente perde em competitividade. Esta estratégia até fez a Peugeot rever os seus volumes de vendas previstos para o modelo.

Além disso a Peugeot, tentando minimizar os problemas de custos, disponibilizou o veículo com um motor 1.6 de 110CV. Não que o motor seja ruim, mas quando comparado com a concorrência, a mesma oferece motores com melhor desempenho. Talvez com a recente redução na forma de cobrança do IPI e provável que tenhamos mais opções do tipo Vectra 2.0 ou Marea 1.8. Pode parecer um retrocesso, mas o que o mercado vê, é o preço final do veículo, independente do que tem lá dentro.

Honda, Toyota e Ford foram bastante beneficiadas com esta nova tributação do IPI, pois possuem motores entre 1.0 e 2.0, nos veículos questionados.

Conclusão:

Se pudesse escolher e este tivesse um motor um pouco mais potente ou até uma melhor relação de custo / benefício, optaria para o modelo Peugeot 307. É muito bonito de design e representa o mais novo lançamento dentre os modelos questionados.

A linha Focus vai muito adiante do que já chegou. A marca vem cada vez mais conquistando o seu espaço e o mercado passou a perceber isto. O Sr.Antonio Maciel (Presidente da Organização), as campanhas promocionais, O projeto da Ford Amazon em Camaçari – BA são os grandes trunfos do fabricante para uma retomada de mercado. Aquilo que era previsto para 2005 (15% do market share) já foi adiantado para o final de 2003. Mas parciais mensais o volume já representa 11%, depois do sucesso de vendas do no, etc, etc, etc…….

Atenciosamente,

Nelson LRC Bastos – site www.automoveldicas.com.br

Agradecimento