Pergunta
Prezado Consultor
Estou querendo saltar de um Gol 2000 para um carro melhor, zero, e gostaria de informações sobre vários veículos.
Minha paixão era o Astra, mas sabemos que vai mudar o modelo. Cogitei os seguintes carros: Honda Civic, Toyota Corolla, Citroen Xsara, Golf, e ainda MB Classe A.
Pergunto: qual desses veículos deve sofrer mudança de modelo em breve?
O Golf e o MB Classe A que estão sendo vendidos como modelo 2004/2004 já são o modelo novo, ou ainda sofrerão modificações?
Alguma restrição quanto ao Xsara, Honda Civic e Corolla?
Atenciosamente,
Paula
Resposta
Prezada Paula:
Vamos por parte:
GM Astra:
A informação de que o Astra vai mudar só você tem. Já vimos na mídia o novo Astra lançado recentemente no mercado Europeu entretanto não existem indícios que a montadora GM pretenda introduzir este novo modelo por estes lados. Existe sim um projeto (investimento a ser realizado) para a expansão da fabrica de Gravataí – Rio Grande do Sul que poderá representar um novo veículo da montadora. A unidade Brasil ainda disputa esta verba com outras unidades do Grupo GM espalhadas pelo mundo e China e Brasil estão bem posicionadas. Se isto ocorrer à nova linha Astra poderia ser uma alternativa de manufatura. Enquanto isto não ocorre, a linha atual vem sendo oferecida com relativo sucesso de vendas.
Toyota Corolla:
O novo modelo foi lançado em junho de 2002 e de lá para cá só foram excelentes resultados. Nas parciais de final de 2002 o mesmo aparecia na lista dos mais vendidos em seu segmento (sedans médios). Em 2003 (até novembro) foram comercializadas 32.665 unidades do mesmo. O mais próximo disto (dentro deste segmento) é o Honda Civic com 14.896 unidades. Com certeza a Toyota conseguiu colocar o seu modelo no topo do segmento dos Sedans médios.
Honda Civic:
Em 2000 a GM vendia 30 mil modelos Vectra por ano e a Honda conseguiu vender 18.297 unidades do modelo.
Já em 2001 os veículos alternaram as posições a o Honda vendeu 21.402 unidades do modelo, contra 17 mil Vectras comercializados.
Em 2002 a Honda ainda vende 20.712 unidades do Civic, enquanto a GM vendeu apenas 7 mil unidades do Vectra. Tudo parecia maravilhoso para a montadora Honda, pois conseguiu desbancar um campeão de vendas de nosso mercado (Vectra GM) se não fosse o lançamento do novo Toyota Corolla. Em 2003 o cenário entre Corolla e Civic já consta da observação acima.
Recentemente a Honda deu uma reestilizada no modelo tentando diminuir este diferença em relação ao seu maior competidor local. Não há muito o que fazer, pois estamos falando de um veículo mundial, globalizado, ou seja, mudanças mais profundas só ocorrerão a nível mundial quando estas se justificarem.
Somente como exemplo em 2003 a Honda vendeu exatos 299.672 modelos Civic no mercado americano. Foi o segundo veículo mais vendido da montadora naquele mercado, e o terceiro no acumulado geral. Perde apenas para o Honda Accord com 397.750 unidades e o campeão do mercado americano, o Toyota Camry com mais de 410 mil unidades vendidas.
Perceba que o Brasil comprou em 2003 perto de 15 mil unidades do Civic, enquanto aos americanos compraram 20 vezes mais. Nitidamente estamos dependente dos resultados de outros mercados, quando o assunto é carro globalizado. De certa forma este canário atesta que o veículo Honda ainda é um excelente produto, perdendo para o Toyota em nosso mercado local, talvez pelo modernismo do concorrente.
São dois excelentes produtos e com certeza qualquer decisão estará certa, valendo mais o seu gosto pessoal por um ou outro modelo.
Para compensar este suposto resultado do Honda Civic em terras locais, a mesma esperava vender 1.000 unidades mês de seu modelo Honda Fit. Nas parciais de outubro foram 2.414 unidades emplacadas e em novembro mais 2.277 unidades emplacadas. De certa forma garante uma elevação de mercado da montadora em mais de 6 mil veículos, pois em 2002 a montadora vendeu 21.015 unidades, detendo 1,49% de market share. Em 2003 (até novembro) este acumulado chega a 27.721 unidades, ou seja, 2,36% do mercado.
Considerando que 70% dos novos veículos comercializados no País possuem motor 1.0 e a montadora Honda não participa deste segmento de veículos, o aumento do market share é com certeza motivo de comemoração.
Citroen Xsara:
Vale lembrar que dentro as opções escolhidas este é o único representante dos veículos importados. Como os serviços de pós-vendas (manutenções preventivas, manutenções corretivas, peças de reposição e mão de obra especializada) são fortes argumentos na decisão de compras de veículos um veículo importado sempre levará desvantagem em relação ao veículo “made in Brazil”. Além disso o próximo lançamento da montadora diz respeito à família C4 que representa o final da família Xsara, ou seja, da sua lista de opções, este é o que corre mais riscos de mudanças, num curto espaço de tempo.
VW Golf:
Este também é outro caso a parte de veículo mundial / globalizado. O modelo Golf no negócio VW responde por 22% do negócio da montadora (mercado mundial). Com os recentes lançamentos ocorridos no mercado Europeu (novo Astra, Fiat Stilo, Peugeot 307, novo Focus, futuro Citroen C4, a VW precisava fazer algo.
Em 2003 foi apresentado no mercado Europeu o Golf Geração V. Atualmente fabricamos em São José dos Pinhais – Paraná a geração IV do modelo Golf. Parte desta produção é exportada para os EUA / Canadá. Evidentemente que a VW precisa do mesmo modelo Golf atual para competir também no mercado americano, ou seja, o novo Golf geração V será feito no México atendendo os mercado do Nafta.
Resultado: vamos permanecer com o geração IV por mais algum tempo e existe a possibilidade de um “face lift” no modelo, representando um Golf geração IV e meio, se é que pe possível isto existir.
Excluindo este cenário, estamos diante de uma dos melhores veículos do mercado local, quando o assunto é o segmento dos Hatchs médios.
Mercedes Benz Classe A:
Em nossas consultorias sempre falamos muito bem do modelo, até porque estamos diante de um verdadeiro carro Mercedes-Benz. Pena que no momento de seu lançamento o brasileiro confundiu carro pequeno com carro popular e esperavam um preço muito pequeno para o mesmo.
Atualmente existe um tal de segmento chamado de compact premium, ou seja, um carro pequeno, com relativo espaço, repleto de acessórios, boa dirigibilidade, etc, etc, fazem parte desta lista o VW Pólo, o Citroen C3, os modelos mais caros da linha Palio, os modelos mais caros da linha Clio, os modelos mais caros da linha Fiesta, entre outros. Se pararmos para pensar a Mercedes-Benz Classe A atendia todas as premissas de um compact premium custava muito menos que muitos destes modelos mencionados e nunca chegou a decolar em vendas.
A fábrica de Juiz de Fora – Minas Gerais fora projetada para produzir 70 mil unidades / ano.
Veja os volumes de vendas nos últimos quatro exercícios:
MB Classe A
Ano 2000: 12.005 unidades vendidas
Ano 2001: 8.669 unidades vendidas
Ano 2002: 5.754 unidades vendidas
Ano 2003 (até novembro): 6.221 unidades emplacadas.Pelos números acima já percebemos que as vendas nunca chegaram a pagar a conta do investimento da montadora nesta planta fabril. Para diminuir esta ociosidade da fabrica local a montadora passou a montar os veículos da Serie C, destinados exclusivamente para o mercado externo (este projeto finda em fevereiro de deste ano) e deve estar produzindo a partir de 2005 um novo modelo Mercedes-Benz sendo inclusive exportado para outros mercados. Esta notícia do “novo carro pequeno” representou a continuidade do Classe A em terras locais, pois desde o início de suas baixas vendas o mesmo permaneceu na dúvida de permanecia ou não em produção.
Golf 04/04: com certeza se existir mudanças futuras ao modelo estas só serão implantadas ao final deste ano, já como 04/05.
Vale lembrar que estamos especulando. Às vezes acertamos, outras vezes erramos. Certeza só se estivéssemos no board da companhia e neste cenário estaríamos com informações estratégicas e confidenciais da montadora. Este tipo de informação pode representar a permanência ou não de um modelo por mais um período de tempo. Alterar modelos de veículos representam investimentos de milhões e os volumes de vendas atuais e futuros são sempre comparados. A conta precisa ser paga…..etc, etc, etc
Atenciosamente,
Nelson Luis Rodrigues da Cunha Bastos – site www.automoveldicas.com.br
Agradecimento
Prezado consultor,
Agradeço pela pronta e consistente resposta a meus questionamentos. Parabéns pelo trabalho!
Quanto ao Honda Civic e ao Corolla, suas informações coincidem com outras que eu já tinha, desta vez com maiores detalhes estatísticos e comparativos, que servirão para auxiliar minha escolha.
Quanto aos demais veículos, restaram apenas algumas dúvidas, que gostaria você me esclarecesse:
# Se a mudança do Astra não é tão certa como eu imaginava, ele ainda é uma boa opção de compra, para quem não pretende trocar de carro nos próximos três anos e obviamente não quer ficar com um carro “novo” de modelo “velho”?
# Sobre o Classe A, de suas considerações, surgiu-me a questão: ele deve continuar a ser produzido no Brasil, apesar do baixo índice de vendas, ou deve ser substituído por um novo modelo? Ainda é uma boa opção para quem não quer comprar um carro novo e se surpreender, em pouco tempo, com a velha notícia de que vai mudar o modelo ou sair de linha?
Agradeço mais uma vez.
Atenciosamente
Paula